13/02/2009

"Sétima Arte"

Sétima Arte [SÉRIE INTERMINÁVEL!]


Atravesso as salas que me levam até ti, chego ao nº 13 encoberto pelas sombras, tento disfarçar a minha presença encobrindo o rosto.

Suturado de pontos escondo as feridas nas minhas golas.



Todos sabem o que me traz ali, mas ignoram a minha presença como refúgio dos seus pecados.

[VENHO POR TI!]




Nem me dei ao cuidado de endireitar a gravata, muito menos engraxar os sapatos. No entanto a distância entre os sessenta centímetros do mosaico e a cadeira onde balança o teu corpo é enorme. Quero colocar a mão no teu ombro, as tuas costas não me vêem. Avanço e recuo os dedos como quem tem medo de se queimar num braseiro quente. Sacodes o corpo arrepiado ao sentir a minha presença mas não te viras. Bloquearam as rodas da cadeira e apenas deixas de balançar a tua alma no momento em que esperas o toque da minha mão na tua blusa negra. Estremeces de novo quando finalmente a minha mão finaliza o toque. Sufocas o choro em rolos, que se enrolam na tua garganta, que respira sem ar, enquanto rodopio e enfrento o teu rosto pasmo e amargurado. Dobro os meus joelhos que encostam nos teus saltos alto cor de chumbo. Toco ao de leve nos teus cabelos e deixo o aproximar dos rostos, que as suas bocas esmagam palavras de onde nem um gemido salpica o silêncio. Encovo o meu pescoço e deixas encaixar a tua cabeça entre o meu ombro e os pequenos fios de cabelo que se juntam aos teus.
A teimosia do silêncio fez gemer um suave rio que refresca a minha nuca e resvala pelas minhas costas. São lágrimas que assentam a poeira duma longa seca.
Na eternidade dos minutos as palavras não são bem-vindas, por isso o nosso filme, [DESSE LADO] contínua mudo!





direitos reservados a jorge vieira cardoso [fotos em wwwolhares.pt/]

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