25/01/2008

Delírio Intimíssimo




Deixa-me ser, o botão da tua blusa, aberto pela mão que ousa fazer crescer as pétalas a norte do teu despir.

Deixa-me ser, o fecho das tuas calças, que pela magia do vento, já sem medo desse momento, ousado deixa-se cair.

Deixa-me ser, o teu dia que fluí. Na tua cama o teu jardim. No teu lençol aquela mancha.

Deixa-me ser, os lábios que íman aos teus. A tua frescura e o meu suor. O nosso contacto e o teu tremor.

Deixa-me ser, a tua ansiedade abstracta. O sal do teu Planeta cru. A tua querença e o teu nu. No esfregar que quase “mata” ser a unção de pastel de nata.

Deixa-me ser, o enroscar da leviandade de dois amantes esculpidos pela ansiedade. E num derreter de energias e sussurros, consumir mais do que dois dias de chorados, quase mudos.

Deixa-me perpetuar este momento, de quem não está fora e se encontra dentro, de parceiras se desuniram e sem impedimentos sentiram aquilo que fluíram.

Deixa-me ficar um pouco nas profundezas do teu Oceano. Reabrir os olhos e ver as tuas linhas de baixo acima, descobrir nelas o plano, desvendar o enigma, enganchar de novo a âncora em teu barco já sem quilha e num gemido final acostá-lo na minha ilha.

carrego o leme da saudade a preto e branco do meu horizonte!

espumo o delírio e esfrego o convés!

19/01/2008

Espirros


Na incapacidade de respirar as palavras faladas, desenrosco a cápsula desta botija de oxigénio e inalo as fragrâncias de um neutro espírito que enche de ar os meus pulmões, assim como faz em mim soltar espirros de pétalas de alma perfumada.

Nessas pétalas espirro o meu ser

Na importância de saber ouvir

Aquilo que os outros falam

Mesmo que estejam a fingir

O que as nossas vozes calam

Será que calar é consentir?

Nem próximo da verdade está

É o aroma que nos dá

Os sentimentos que não mentem

E a vontade de não ferir

Numa só boca para falar

E dois ouvidos para ouvir.

14/01/2008

CARIMBO




a tinta com que pinto as minhas palavras, é o antídoto que reverte a minha agonia. que me cura.


as minhas fugas vão sempre para o labirinto das almas onde escrevo, onde colecciono os meus medos, os meus anseios e os meus sorrisos.

a minha vontade de escrever é tanta que faço do papel o aconchego que me aquece e me manta.

não tenho assinatura nem carimbo normais. tenho a vontade de conhecer as palavras e nelas erguer a minha vontade!


©2008 jorge vieira cardoso e editorial negratinta

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