Deixa-me ser, o botão da tua blusa, aberto pela mão que ousa fazer crescer as pétalas a norte do teu despir.
Deixa-me ser, o fecho das tuas calças, que pela magia do vento, já sem medo desse momento, ousado deixa-se cair.
Deixa-me ser, o teu dia que fluí. Na tua cama o teu jardim. No teu lençol aquela mancha.
Deixa-me ser, os lábios que íman aos teus. A tua frescura e o meu suor. O nosso contacto e o teu tremor.
Deixa-me ser, a tua ansiedade abstracta. O sal do teu Planeta cru. A tua querença e o teu nu. No esfregar que quase “mata” ser a unção de pastel de nata.
Deixa-me ser, o enroscar da leviandade de dois amantes esculpidos pela ansiedade. E num derreter de energias e sussurros, consumir mais do que dois dias de chorados, quase mudos.
Deixa-me perpetuar este momento, de quem não está fora e se encontra dentro, de parceiras se desuniram e sem impedimentos sentiram aquilo que fluíram.
Deixa-me ficar um pouco nas profundezas do teu Oceano. Reabrir os olhos e ver as tuas linhas de baixo acima, descobrir nelas o plano, desvendar o enigma, enganchar de novo a âncora em teu barco já sem quilha e num gemido final acostá-lo na minha ilha.
carrego o leme da saudade a preto e branco do meu horizonte!
espumo o delírio e esfrego o convés!