25/03/2008

Dez lenitivos

Foto de Rui Lebreiro

Silêncio por favor deixem-no ler, enquanto ele lê, desafogue na minha companhia!


l desabafo
*Quando as palavras se esquecem de rir, choram os silêncios que na intenção perdida submergem o entusiasmo, desfalecem as pernas e recolhem os braços.

ll desafogo
*Nesse retiro negro – fosco, cada pensamento eleva a mensagem dramática, abre os poros ao medo e abafa o nevoeiro dos olhos em drama.

lll confissão
*O espaço é pequeno e fundo, não há corda que nos ice, apenas levantamos os véus que ocultam o olhar dirigindo as “lanternas” meias apagadas até ao topo. E o que vemos? São só morcegos vampíricos à espera de sugar o que resta. E o que resta são sombras, que não parecem gente!

lV exteriorização
*Com piedade de nós próprios mastigamos claustrofobia, transformamos o ar em veneno e o veneno em dor.

V manifestação
*Dói as costas, dói as penas, dói o sabugo no ranger dos dentes quando devoram as unhas.

Vl descrença
*Entre o sono e o defeito, sustentamos as “bestas” do alimento que lhes atiramos, engordando os milhafres do mal, que rapinam em debicadas a nossa carne e aceleram o apodrecer do nosso ser.

Vll culpados
*Todos têm culpa do que nos está a acontecer!?

Vlll interrogação
*Será????????????????????????????????????

lX incerteza
*Ou será que não é bem assim!?

X certeza
*Tudo isto porque, as nossas palavras deixaram de rir!

1-2-3-4-5-6-7-8-9 - De um a nove elevo a fasquia até aos vossos dez sorrisos...

21/03/2008

Lobo


Em cada sol que os olhos da noite vêem, aponta uma volúpia inata de aninhar a lua, extravasada na rua numa claridade pura.

Calo o chio… no canto que a cigarra teima, tiro-lhe o momento que me sucede ao libertar a boca colada na tua pele, deixo-te o meu meloso ao contacto do teu odor gostoso.

Separo de ti as gavinhas e!

Dorme minha pétala, loba perfumada, enrosca-te no teu sorriso, só eu, de guarda escudado, dispo a alma que te aquece e assim cubro a sombra como sentinela ao teu sono.

Nestas muralhas edificadas de eterno, espreito pelas guaritas, de onde aponto as minhas garras como canos cerrados de amor e zelo.

No meu uivo, afio as unhas, lobo as presas, que de alimento espiritual e calórico, alimentam a tua pureza, enquanto fortificam o meu peito de seiva doce.

E porquê?

Porque só tu sabes onde se encontra o ponto X da minha cruzada!

08/03/2008

Palato


Atira-me com esses lábios, desfaz em mim o sal do teu beijo.

Já não sou!

Já não és!

Apenas somos, recados de charme, envolvidos em compressas de queima.

Desejado é o amasso que no enlaço desfaz a palavra louca.

Da bandeja dos teus olhos cai o copo, que derrama o tempero em meu corpo.

Do refúgio da minha alma espreita a calma, que no aconchego dos lençóis, somos um em dois.

O teu calor e o teu sal secaram-me de sede!

Atira-me de novo com esses lábios, faz-me daltónico dessa sede.

Troca a cinza das minhas nuvens, pela almejada timidez do teu verde!

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