19/07/2008

"Negro Noturno"

Let me Sleep
Leave me Alone


Porque as pessoas idosas são apenas os velhos do nosso abandono.
Para eles que somos nós no amanhã!





Negro Noturno

Os meus passos são como esmolas pedidas na avenida da Cavidade. Caminho clandestino num forçar de portas, sou eu e mais alguém desconhecidos da voz.

Estão rotos os meus sapatos de tanta caminhada em singela “homenagem” ao peregrino desconhecido. O tempo já quase não conta os quilómetros da estrada, avizinha-se tempestade, águas calmas ou nada.

Canto um destino aparvalhado na sorte e no azar da selva, onde são grandes estas vontades e pequenas estas Cidades.

Murmuro a solidão do riso em passadas perras de cansaço, de onde o recanto da rua levanta chama, que aquece as mãos do defeito, num jornal que cobre a minha mancha humana.

O que sobra são tonalidades de um negro nocturno, são candeias de azeite seco na minha torcida, que se mistura com o coma de jornada adormecida.

Mesmo ali, os bidões continuam a arder, ali eu queimo as minhas origens, ali eu faço derreter o perfume da minha descendência, que o “espírito” hipnotiza em golfadas de Botelha, estaladas nuns lábios ásperos da minha equimose vontade de chegar perto da querida saudade.

Sou velho com todas as letras, na senda do desmaio esqueci a dor do raio, a cor de Maio. Sou arcaico das minhas costas, sou a mensagem sem respostas. Ninguém me vê, sou apenas a sombra de uma pesada espécie, que de vez em quando recolhe a pena de ser “coitado” e logo adormece.

No lamento do gasto ser, continuo a caminhar pela última vez até o meu Sol escurecer. Aí paro de certeza. O pesado fardo da família e da sociedade fez-se em leveza. Mas não se entusiasmem demais, serei apenas um a menos a despejar de vós um pequeno pingo do vosso negrume, escondido por grossos óculos de estrume.

Nesse fim de rota não falsifiquem o choro, não sejam cínicos nesta instante, sejam apenas reais como o foram na hora do abandono. Porque o perdão não sou eu que o vou dar, nem poderia ressuscitar, e porquanto os pecados também foram meus. Ilibo-me dessa fumaça, já sou passagem livre pela praça, ergam bem alto a vossa taça, comemorem antes, o apogeu da vossa libertação da traça.

Este texto está no meu livro “Nas Linhas Das Tuas Mãos”


Jorge Vieira Cardoso
Ficção

09/07/2008

"Olhos Que Te Choram"

Foto de TIAGOXAVIER---O Pianista*

Apressei esta públicação por necessidade de procura!!!


"Olhos Que Te Choram"


porquê que choram os meus olhos a inquietude da nossa dor?
porquê que soletramos o tempo em debandada de mácula agreste?
no dormitar da noite que não dorme, os caminhos chorados elevam-me até àquela música da nossa despedida. enquanto mais uma vez os meus pensamentos renovam na incúria a passagem dos “Evanscence” neles clamo um rouco “Hello” e aí…
Ping. Ping. Ping. são lágrimas que caem dos orifícios vigiantes, recolhidos nas nuas trevas.
preciso que me encontres!
peço-te que me procures no baú das tuas lembranças, numa ânsia de inquietação
ali jazem aqueles pedaços dos nossos anais
soterrados na mescla do eterno adeus, portuário da infinidade mórbida
se me encontrares ----s ou-- ----o---- --t eu---- --a mor----- por favor cola os meus bocados…

Ping. Ping. Ping, enquanto não me achas os cílios dos meus olhos são os algeroz que transportam as gotas até à tua morada - em prantos chorados…

Tin tan tin tan tan tan parecem bater à porta, mas não! - afinal, são apenas notas [lamentos] caídos de um piano inquietando a minha solidão! piano esse que mais uma vez repete a nossa música…”Hello”

Todos os direitos reservados a jorge vieira Cardoso
Ficção…



05/07/2008

"Amantes"


Nota de abertura, este texto não pretende fugir ao contexto dos anteriores aqui apresentados, nem tem por objectivo explorar o campo da sexualidade. É simplesmente e como tantos outros mais um dos retratos da sociedade em que estamos inseridos. Nesse campo aparece a minha acção escrita, que incluí os mais variados temas, sobre coisas, sobre pessoas e sobre tudo aquilo que eu gosto de interiorizar e “explorar” de mais variadas formas. E naturalmente pessoas amantes, que traem e misturam outras relações também fazem parte desta mesma sociedade e logicamente do quadro aqui apresentado por mim.
Quanto à foto, penso ser apenas a mais adequada, embora reconheça ousada!
Leiam e comentem! Tenho dito!!!

tropecei na tua sombra caída a meus pés
desenhei a mancha de um ser outrora apagado
no hidrato da tua abundância empanturrei de loucura
na congestão da mesma “morri” e de desejos sorri
no acariciar dos teus seios de novo “morri”

levanto a minha voz embebedo-me do teu perfume e… grito!

descolo a goma que colou o nosso cio – e… fujo!
o arrependimento esbarra na insídia e sobrevive a leviandade
no chamamento após, o paraíso teu amaldiçoou o vicio meu!

o recomeço chega todas as tardes, em que derrubo o muro da vergonha para ancorar na tua sombra, onde tropeço de novo e me lambuzo do teu corpo, onde escondo a verdade e sucumbo à minha - GRANDE FRAGILIDADDE
no final esboço nos olhos arrependimento de algo que não controlo…

ficção
direitos reservados a Jorge vieira cardoso

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